segunda-feira, 22 de março de 2010

o inferno são os outros

essa frase de Sartre, por razões ainda obscuras e não totalmente explicáveis, não sai dsa minha cabeça nas últimas duas semanas.

é INCRIVEL como o contato com outras pessoas é capaz de mexer TANTO conosco. Pelo menos comigo - eu, sempre insegura, sempre autosuficiente, sempre ávida por pensamentos alheios mas sempre tão reaça no que se refere à revisão de meus próprios conceitos, por vezes inquebrantáveis.

É a partir da nossa relação com o outro que delimito o MEU EU, identificando-me como indivíduo e me diferenciando do mundo que me cerca (concordo com meu mais novo colega de sala e serio candidato a um dos meus GRANDES companheiros de faculdade, Léozito, que a comunicação se mostra REALMENTE efetiva quando um professor de quem vc teve medo antes mesmo de conhecer consegue te propiciar alguns dos melhores momentos de reflexão que vc teve numa sala de aula até então).

Baseado nisso e na idéia de que o homem é um ser essencialmente político e sociável, conclui-se que esse contato (ou melhor seria atrito?) com o OUTRO é ESSENCIAL a cada um dos indivíduos. Sendo assim, por que é TÃO difícil ouvir o que o outro tem a nos dizer - principalmente se o que ele diz é oposto? A pergunta pode parecer ridícula mas não SE PODE ter a PRETENSÃO riidícula de pensar que as nossas opiniões são UNICAS, exclusivas e incontestáveis. Um mesmo fato NUNCA apresenta uma única face - muito pelo contrário: um acontecimento se veste de trajes infinitos, das mais diversas cores e texturas. Um mesmo fato é multifacetado, passível das mais diversas recombinações e reescrituras.

TENDO CONSCIENCIA de TUDO isso - idéias cuja validade torna-se cada vez mais evidente - pergunto-me: que sentimento de repúdio e de invasão é este que me toma nas últimas semanas?

Meru discurso de pessoas críticas, com uma visão mais acentutada sobre a "realidade" que lhes é apresentada e capazes de propor novas leituras desse fluxo incessantede acontecimentos que compõe o nosso dia-a-dia caótico.. terá mesmo valildade (PRA MIM?). Eu me deparo sim com algumas pessoas mais aguçaas, ATENTAS ao mundo que manchetes e propagandas tentam construir... mas o impacto nao tem sido NADA fácil: jogar a minha opiniãpo, com uma isca, e receber de volta um TSUNAMI de opiniões que, além de divergir das minhas muitas vezes, são capazes de me fazer olhar um detalhe sob um outro ângulo, exigindo que eu mude de lugar e de foco para tirar da situação outras mil coisas às quais eu nunca havia SEQUER refletido.

No fim, creio ser esse o real desafio. Ao mesmo tempo em que me diferencio do restante ao estebelecer contato com o OUTRO, conheço tudo aquilo que NÃO me pertence, que NÃO me constitui e que era desocnhecido (ou ignorado) por mim até entao. Acho que esse OUTRO implica o choque com aquilo que não queríamos ver, com o que nos recusamos a pensar sobre, com a possibilidade de transformação que bateu à porta de nossa sensibilidade mas que, tolos, rejeitamos. Esse processo todo, além de exigir coragem para rever  todas as idéias que achamos corretas até então, resulta num processo INDESCRITÍVEL de auto-conhecimento: reconhecemos nossas fraquezas, nossas carências, nossas falhas de rejeitar o novo que poderia estar contido em nós o tempo todo mas que, devido à incredulidade na força que existe no além-de-nós, se escondia em nosso interior, permaneceu escondido e encrustrado, impedido de atuar como força transformadora não só de nós como de outros outros.

Que eu deixe meu interior menos enclausurado na minha auto-suficiencia e que essa AVALANCHE de novidades - idéias, valores, opiniões, leituras - abram CRATERAS na minha sensibilidade.



Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...

[Preciso me encontrar, Cartola]

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