quinta-feira, 27 de maio de 2010

a todos os vestibulandos

gritar o nome da faculdade. dobrar a esquina , sgurando o nó de choro ao ver o sinalizador brilhando, único em meio às sombras. sentir as expectativas, desenhar aquelas mesmas cores, projetar os mesmos rostos e memorizar os memos sons para daqui a uma semana. Sentir o coração pular, a mão gelar, a perna tremer, o lábio secar e os olhos umedecerem. gritar, pulsar, vibrar. cansar, revigorar, gritar de novo, bater ainda mais forte, sorrir a ponto de alargar a boca. bater bater, bater. cegar, ensurdecer, emudecer. explodir, calar. calar, andar, parar. sair, extravasar.
olhares.
pulos,
gritos,
beijos,
abraços.

- "eu resumo tudo isso pra você filhota: dois anos e meio de cursinho. aproveite. viva INTENSAMENTE. sinta-se parte".

sentir poder abraçar o mundo e ainda assim SOBRAR ESPAÇO.



sentir-se realmente parte.
deixar que as lágrimas enxuguem as suas preocupações, lavem os seus problemas e limpem a sua alma.

agora sinto-me novamente transparente.
agora eu era o que sempre fui.


- 06 DIAS PARA O JUCA *.*

sexta-feira, 21 de maio de 2010

num futuro não muito distante...

Comprando o que parece ser
Procurando o que parece ser
O melhor pra você
Proteja-se do que você
Proteja-se do que você vai querer
Para as poses, lentes, espelhos, retrovisores
Vendo tudo reluzente
Como pingente da vaidade
Enchendo a vista, ardendo os olhos
O poder ainda viciando cofres
Revirando bolsos
Rendendo paraísos nada artificiais
Agitando a feira das vontades
E lançando bombas de efeito imoral
Gás de pimenta para temperar a ordem
Gás de pimenta para temperar
Corro e lanço um vírus no ar
Sua propaganda não vai me enganar
Como pode a propaganda ser a alma do negócio
Se esse negócio que engana não tem alma
Vendam, comprem
Você é a alma do negócio
Necessidades adquiridas na sessão da tarde revolução não vai passar na tv, é verdade
Sou a favor da melô do camelô, ambulante
Mas 100% antianúncio alienante
Corro e lanço um vírus no ar
Sua propaganda não vai me enganar
Eu vi a lua sobre a Babilônia
Brilhando mais do que as luzes da Time Square
Como foi visto no mundo de 2020
A carne só será vista num livro empoeirado na estante
Como nesse instante, eu tô tentando lhe dizer
Que é melhor viver do que sobreviver
O tempo todo atento pro otário não ser você
Você é a alma do negócio, a alma do negócio é você
Corro e lanço um vírus no ar
Sua propaganda não vai me enganar

[Propaganda, Nação Zumbi]


ao ler essa letra, senti uma coisa muito ruim - uma falta de letras minimamente inteligentes, que te provoquem e te façam pensar. Sensação a mesma que senti no show dos Raimundos na virada cultural (Raimundos, que juntavam humor do mais sarcástico com pontas minimamente provocativas). mais uma vez, vem em meu pensamento uma cena que provavelmente viverei - seja com filhos e / ou sobrinhos. Em pleno almoço de família, um dos pseudo- adolescentes chega pra mim e pergunta:

- tia, o que que tinha de bom quando vc era mais nova?
- de bom.. como assim? - responderei, como que tentando disfarçar o assunto e chamar todos pra almoçar, em pleno domingão na casa da vó.
- de música tiiia...
- hã... (putaquepariu, que que eu vou dizer agora? eu era bebê quando o NIRVANA explodiu, Guns'n'Roses já estava praticamente aposentado, Caetano Veloso já fazia  show pela Europa APENAS, Elis Regina já havia morrido, Chico Buarque já pertencia às páginas dos livros de história, Janes Joplin já era puta nostalgia, Titãs só ia na virada cultural pra memorizar sucessos e foi o meu pai, e não eu, quem conseguiu pegar o show do Queen no Morumbi).

[5 minutos se passam, após uma busca frenética por algo minimamente não vergonhoso]

- Ah... quando a tia era mais nova, começou um novo estilo de música - que chamamos "emocore", sabe?
- "emocore"?
- sim, aquelas músicas de rock (engasgo ao dizer isso) com aqueles mocinhos (outro engasgo) com roupas coloridas, pentiados inusitados  (what the fuck?!) tocando músicas que diziam sobre sentimentos.
- ahh, vc tá falando daquelas bixas egocêntricas com franjas de gel, gloss e sombra no olho, que precisam se fantasiar pra entrar no palco e que fingem que tocam música mas que na verdade só sabem falar do chifre que nem chegaram a levar da namorada e do dia que tá lindo, do sol que está se abrindo e essas baboseiras comerciais todas?
- ah, se você pensa assim.
- ah tia, pelo amor vai.. além disso daí, o que mais tinha?
- bom, também estava muito na moda o "sertanejo universitário". Os caras vão em arenas enormes fazer show e muitos grupinhos de faculdade iam.
- Ah, depois que o forró universitário faliu, eles resolveram mudar de estilo e adotaram um sertanejo universitário?
- mais ou menos isso.

[eu com cara de bunda, sobrinho com cara de DECE-PÇÃO)


- ah - disse animada, com uma idéia que poderia mudar UM POUCO a concepção do sobrinho - quando eu era adolescente explodiu uma das maiores expressões de música POPULAR, que veio do povão mesmo.
- ah.. e qual é?
- o funk. vc sabe? Ele tem um quê muito social, tem uma batida forte, muitos traduzem a realidade vivida em muitas favelas e...
- ah tia, nem sempre hein? e quando vão aquelas mulheres-fruta (melancia, melão, jaca e tudo mais o que a feira dominical comportar) na Luciana Gimenez, berrando músicas que só tem refrão e tremendo a bunda gigantesca celulitizada na frente da câmera? que realidade social elas traduzem?



- ... então meninos, vamos almoçar?

terça-feira, 18 de maio de 2010

das palavras como enfeites

. Jean     diz:

Lee..só tenho uma coisa pra te falar...se isso que você ta me falando é realmente verdade...
Jesus é quem te ama demais meeu..
porque eu não consigo escrever e falar tudo isso pra algumas pessoas como pra você..
não sai de mim sabe?
viish..nem preciso falar nada né?
10 anos...
meses não são nada.

eu trocaria metade do que eu supostamente construi com Deus pra ver alguém como você tendo um verdadeiro encontro com Ele..




- parece que Ele põe tudo e todos no lugar e na hora certa.
lágrimas pesam muito dentro de nós.
e por mais tempo que isso leve, nada melhor do que deixá-las brotar, espontaneamente, secando o nosso interior e lavando a secura que nos impregna os olhos e o peito.
 

 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

uma pergunta de um metro e meio

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia


Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar (3x)


Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
É que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho


Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!

(Arnaldo Antunes)

por ter uma sensação de algumas coisas estarem fora de lugar, faltando, incompletas, por resolver..
Dear God, eu tenho saude, tenho familia, tenho casa, tenho amor de uns, um má impressao e até antipatia por parte de outros - enfim, nada que saia muito das delícias e dos percalços de uma vida comum, porém feliz.

- mas por que, de ONDE essa sensação que me deixa tao irritada e com vontade de chorar algumas (muitas?) vezes?

necessidade de ser aceita e admirada em grupo, de não querer que alguns façam, sintam e falem o que fazem, sentem e falam para mim, por sentir uma necessidade desesperadora de querer encaixar mas de sentir-se incapaz, apesar de haver peças "sobrando". uma sensação de estar tudo diferente (às vezes, até oposto) àquilo que se queria. De ver que as pessoas que por vezes receem o que eu quero são diferentes de mim em pontos tão cruciais - e eu me pergunto? até que ponto o que eu sustento não é remodelável, até que ponto eu não sou minimamente mutável? até porque, não se trata de um mero "simples e errado", mas... se eu mudasse uma pitadinha, será que tudo isso não mais leve, mais fácil?

e eu que não sou muito fã desse papo de primeira impressão, de destino e de todas essas coisas que, ao longo do tempo, se tornam cada vez mais pétreas e difíceis de serem mudadas (e aliás, venho lutando muito nos ultimos meses para alterar muito esse meu "hábito" da primeira impressão)... mas olha: anda meio dificil ultimamente pra eu controlar esses "politicamente incorretos" que me tomam de súbito às vezes.

- por que NÃO?
- por que SIM?

sempre achei POR QUE a pergunta mais importante. a mais instingante. a mais difícil.
e na ansia se responder os por ques e todas as outras infinitas interrogações que me constituem, acabo ficando sem respostas e gerando mais perguntas. acho que, no fundo, nada disso faz muito nexo nem tem muita explicação... que na tentativa de tentar fazer tudo certo, de "calcular", de desenhar algumas linhas do vir-a-ser do instante seguinte, acabo cometendo o meu maior erro e me deparando com perspectivas impensáveis (e por vezes indesejáveis) até então. e quem disse que eu sou espontânea?

Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. (Clarice)

sábado, 1 de maio de 2010

do cansaço e da alegria

SAI DESSA - ELIS :)

Sonhei que existia uma avenida

Sem entrada e sem saída pra gente comemorar
Toda hora, todo dia, toda vida
Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão

Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica
No banheiro não tem fila nem existe contramão
Que o trabalho é ali na nossa esquina
E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão

Sonhei, como faço todo dia
Como você não sabia, meu senhor não levo a mal
A beleza, o amor, a fantasia
O que tece e o que desfia não se aprende no jornal

Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas
E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista
Sem essa, moço, por favor não crie clima

Seu buraco é mais embaixo
Nosso astral é mais em cima.

 
To num cansaço danado. Mas muito feliz. Será que cansaço e alegria não são contraditórios - ou, muito pelo contráio, são meio que complementos e se auto-explicam? perdi coisas por fazer hoje, ganhei bolhas no dedos e mais uma noite de sono mal dormida pra ceder às minhas paixões.
 
acho que isso é faculdade,
acho que isso é paixão.
acho que isso pode ser brilho no olho, talvez tesão pelo que se faz.
 
tô no lugar certo, apesar de todos os pesares :)
e que essa sensação de completude me acompanhe.
e que o meu sorriso diminua o meu cansaço.