domingo, 6 de dezembro de 2009

a pessoa é para o que nasce





foi SENSACIONAL.

AC/DC 27/11/2009.


Chuva o dia todo, céu negro e a alma límpida.

Sim, por mais que inacreditável fosse encontrar dois uspianos atrás de mim - sendo que um deles tem a pachorra de soltar a seguinte frase `Voce sabia que 72% do Pantanal localiza-se no Mato Grosso do Sul?`. A minha pergunta é COMO, COMO um sujeito tem a cara-de-pau de soltar algo assim numa tarde feliz como aquela, de expectativa e muita espera (13 anos de espera)?! Enfim, comentarios feitos, tentei ignorar a presenca desses pobres universitarios - que me derama impressao de ter como unico grande feito na vida a entrada para a USP- e sentir tudo e todos que estavam ao meu redor.


O show mal tinha comecado e parecia que tudo ja estava lindo. As pessoas chegando, as camisetas, os comentarios, as expectativas -tudo tudo, pensado nos minimos detalhes. Pude ver as mais diversas reacoes das pessoas que pisavam na pista - alguns davam cambalhotas, outros se abracavam, uns rolavam de peixinho, outros ainda se ajoelhavam, como que em agradecimento aos deuses do rock por estarem ali, NO SHOW, apos horas de onibus advindos de Santa Catarina, Parana e Rio Grande do Sul (Mafre, Porto Alegre, Curitiba foram alguns nomes das muitas cidades sulinas que enviaram fas socados em onibus num sol de 30 graus rumo ao Morumbi).


Atras de mim, um careca, com argolas nas orelhas e tatuagens enfeitando todo o corpo ria, fumava e bebia cerveja, como se estivesse esperando aquele momento ha meses - se nao ha anos. Aquele tipico cara de filme norte-americano, dono de gangue de metaleiros que, ao menor movimento, gritarao na sua orelha a qualquer minuto - grito bruto, bem metaleiro mesmo. Uma primeira sensacao de medo logo deu lugar ao vislumbramento por me eu me deparar ali, pessoalmente, com um tipo que eu so havia visto em filmes.


chuva, chuva, mais chuva. cessam as gotas, acumulam-se os risos, as musicas, as especulacoes sobre detalhes do show - as musicas, os efeitos de luz e som, a estampa da cueca de Angus. Quando finalmente meu Cunhado me puxa pelo braco e me obriga a comprar a porra da capa de chuva (Vamos Le, olha o toró que vai cair / Nao Thi, relaxa, chuva é pra fracos, metaleiros de verdade vai até debaixo chuva.. e já estamos molhados mesmo, gota a mais, gota a menos..), Sao Pedro decide aprontar uma pegadinhaaaa e cassar o aguaceiro. (AHH MALANDROOO..). Enfim, irritacao momentanea passada, e quase meia hora gasta admirando a paisagem masculina (babeei num moreno sentado logo abaixo, mas qual foi a minha decepcao ao perceber que o rapazote ja estava devidamente - ou melhor, indevidamente - acompanhado. Alias, decepcão dupla ao notar que o teor de beleza da dita cuja era praticamente nula se comparada à do rapaz), as luzes finalmente se apagaram e comecou o pseudo show do falecido Nasi.


Olha, o Nasi que me perdoe, mas ele conseguiu ser PIOR do que eu pensava. Eu ja nao simpatizava com a voz do pobre cidadao.. depois do pseudo-show de abertura, lá pelas 8 e meia, a moral do ex-vocalista do IRA desceu ralo abaixo. Confesso que tocar Raul fi uma tentativa inteligente, porem mal sucedida, de salvar o show. Po, nem Raulzito foi capaz de salvar a pele do rapaz. Mas ouvir MOSCA NA SOPA, METAMORFOSE AMBULANTE e SOCIEDADE ALTERNATIVA - sabendo que minutos depois os australianos do AC/DC adentrariam o palco -foi algo INDESCRITIVEL. Raul é um genio, indiscutivelmente, e continua mais vivo do que nunca *.*


Meia hora depois, as luzes se apagam novamente, e comeca a rola um filminho nos teloes. A adrenalina subia, os pelos arrepiavam, os gritos ja ecoavam pelo morumbi. Tods ali, reunidos por um mesmo motivo - independente da idade, da condicao social e do local de origem. Todo mundo ali - pagando no minimo 120 mangos, cabulando trabalho, aniversario de pai, filho, esposa ou sogra (o que nao é lá uma pessima ideia). TODOOOS ALI, em NOME DO ROCK.

Sensacional. O filme termina, as luzes explodem, eles entram. O que se sucedeu naquelas duas horas de som ensurdecedor, de gritos historicos (como o meu) e de rostos perplexos - pela animacao dos coroas, pelo solo de Angus, pelo show de luzes e efeitos no palco, pelo show de fogos ao fim do show - foi uma transe indescritivel. E acredite: eu nao usei nada ilicito. Apenas me servi de um belo sanduiche de presunto e queijo , umas pipocas doces e uma garrafa d`água.


Até porque, usar qualquer coisa na tentativa de intensificar os arrepios causados pelso toques na guitarra, no baixo e na bateria, era pura tolice.


Sem querer imitar os nerds uspianos atras de mim quanto a capacidade de filosofar sobre temas toscos como a localizacao do pantanal (!?), mas, ao ver Angus ali, suando, descabelado, falando com a guitarra numa lingua unica e intraduzivel, de fato pensei que cada um é para o que nasce. Por um momento a ideia de ser jornalista não me pareceu tao distante e inalcançável, e - ainda nao descobri qual o impacto do grito da guitarra naquele instante sobre mim - talvez essa minha intuição não esteja tao enganada. Talvez meu sexto-sentido (seja ele feminino ou nao) esteja apontando para um caminho certo. E talvez as luzes que iluminavam Angus (numa das performances que se revelará uma das mais alucinantes da minha vida roqueira) se voltem para mim e clareiem a trilha à minha frente, ajudando-me a responder para o que eu nasci.

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