eu não aguento mais. ver filmes, ouvir músicas, ouvir sobre o the Clock, sobre o the Morrison , estudar matemática e física e lembrar de você. Ouvir frases clichês de filmes e imaginar eu dizendo todas ou boa parte delas para você, acrescentando ou tirando o que eu achar que devo.
às vezes (muitas ou poucas, já parei de tentar medi-las) creio que tudo isso é bobagem outras vezes tenho CERTEZA de que não - que basta eu chegar lá,olhar pra você e vomitar tudo o que eu tenho aqui dentro que as coisas vão voltar ao lugar de onde nunca deveriam ter saído e pra onde eu gostaria tanto que voltassem. não aguento mais ver comédia romântica e me imaginar olhando exatamente pra você, repetindo tudo aquilo que eles dizem não aguento mais ouvir queen e pensar que aquela poderia ser mais uma música das várias que teriam composto a nossa trilha sonora. nao aguento ficar me segurando pra não te ver e depois me arrepender por nao ter gastado outros 15 minutos como os últimos que tivemos - nos quais eu nao continha o sorriso dengoso, você me olhava como nas nossas primeiras idas ao cinema e eu fazia os comentários sarcásticos que te faziam rir e me achar um verdadeiro docinho (ainda que eu ache essa idéia no mínimo absurda porque eu estou mais pra pimentinha).
eu odeio o talvez e odeio ficar constantemente me perguntando o que teria sido. "E SE.." me mata e elimina quaisquer das minhas possibilidades de eu me deixar ser minimamente livre por que é tão dificil pra mim reproduzir na sua frente um milionésimo das coisas que eu fico ensaiando na minha cabeça, na frente da tv do rádio e no computador - como faço agora. o pior é que eu nao sei lidar com esse medo, esse temor que tenho aqui, de nao saber o que se passa dentro de vc -se é que passa algo referente a mim - o que vc pensa sobre mim e o que acha de tudo isso. incrivel como nos conhecemos poucos e como vc já parece fazer parte de mim, dos meus gostos, das minhas lembranças e das minhas projeções e ludibriações sobre o futuro. eu queria ter um pequeno, mísero indicio que fosse sobre o que se passa aí no seu interior, porque aqui no meu eu já estou desitindo de achar um mapa que me ajude a organizar o caos de idéias sensações e desejos que se passam aqui. cacete por que voce tinha que ser impresivel assim pra mim - vc não gosta quando eu falo palavrão mas tudo bem, vc nao vai ler isso mesmo. por que vc não poderia ser como o ultimo, para quem tudo estava tão previsivel quanto as falas clichês das comédias românticas que eu venho assistindo. eu planejava as minhas falas, as respostas dele e tudo andava mais ou menos nos trilhos - por que vc tem que ser diferente? talvez por isso que esteja aqui agora me revirando na busca por uma explicação desses fragmentos que eu quero encaixar mas que temo não fazerem mais sentido algum pra vc.
ok, eu pisei na bola. vc também teve suas falhas mas a sensação que ficou em mim é que eu deixei escapar nos ultimos segundos. quando eu estava ali, finalmente assistindo à reação que eu queria e ouvindo (ou melhor, lendo) muitas das coisas que eu fiquei imaginando por semanas.. justo ali quando tudo isso finalmente parecia chegar à estação mundo real eu me descontrolei e falei algumas coisas que estavam (bem) entaladas. algumas foram no momento, outras, apesar de meio rudes, continuo acreditando que revelá-las era realmente importante- sao detalhes que nao podem ficam meio desapercebidos em um relação, qualquer que ela seja. mas eu derrapei na curva final... me senti potente na época, idiota algum tempo depois e assim, perdida, hoje. mas vc tambem, tinha que demorar tanto assim pra falar tudo aquilo? eu sou meio apressada e impaciente já tinha te falado isso - mas vc e essa sua mania de duvidar das minhas tosquices e defeitos, por mais que eu os contasse. bom, eu não sou perfeita, vc também não, mas vc parecia rir e desacreditar dos leves desabafos que eu fazia. lembro de nós comprando doces ali perto e vc me perguntando: "vc nao é daquelas pessoas que ja acordam de mau humor reclama do mundo e descontam isso em outros pessoas né?". vc riu. e eu fiquei sem graçaa, como se dizendo pelo meu olhar desesperado: sim, sim sou eu, eu tenho dessas mas não me condene por isso. está tudo bem assim, eu nao vou remoer aquilo que tbm me desagradar em vc". é como se eu pedise por favor, não tire essa minha máscara. eu temo qual a sua reação quando vc se deparar com o que tem debaixo dela e dentro de mim.
no fundo eu me pergunto se nao construi um personagem pra te agradar. não me remodelar por completo, mas ir fazendo algumas coisas que nao fazila muito parte de mim e que passaram a ser quando estavamos juntos. eu não mudei - me sinto totalmente eu hoje - mas lembro de me sentir totalmente eu com vc também. temo que não consigamos levar uma conversa daquelas, que dizíamos sobre tudo, indo desde filosofia até fisica, passando pelas viagens a São Carlos e combinando o cinema do próximo fim de semana. vc queria me levar pra lá e eu ria dizendo que vc deveria me colocar no seu bolso que o problema estava resolvido. ríamos, vc me dava beijinhos e eu me sentir vermelha. e quando vc me pôs no colo ali, no meio da praça. eu toda pudorada, dizendo calma, aqui nao é lugar, e vc respondendo dane-se o que eles vao pensar, vc nao deve nada a ninguém. no fundo, eu bancava a pseudo-revolucionaria e era vc quem me vinha com umas frases dessas. por mais que eu ensaiasse o dia oui ate semana quase toda pra bater um papo serio contigo vc vinha, ria e me beijava. e eu ria, e ficava sem reação, saindo boba, ficando com aquele sorriso de apaixonada até altas horas da noite.
e, por mais que eu escreva, sinto que não resolve. escrever sempre me ajuda a ponderar, a me achar e me fazer entender boa parte daquilo que eu não entendo. mas dessa vez não. quando mais escrevo, mais afundo nisso tudo, mais perdida e sem reação fico, mais sedenta por uma conversa, um almoço, uma duvida que me levem a vomitar tudo isso que se passa em mim. me desculpa a pressa, mas eu te avisei da minha impaciência. mas vc foi injusto tambem comigo pois, por mais que eu avisava, vc ria, me beijava, e me fazia acreditar que aquilo tudo nao tinha a mínima importância. tudo bem, eu fiz com que isso tivesse importancia até maior do que a real, mas vc deveria ter me feito parar pra que eu -mesmo sabendo que vc poderia nao voltar mais- me contivesse e tentasse falar aquilo tudo de um jeito mais delicado. acho que até hoje vc não entendeu os meus porquês, mas eu nao tenho coragem o suficiente pra olhar pra vc e te explicar tudo direitinho - ja tentei fazer isso, mas sinto qe nao teve efeito algum, porque vc continuou sem entender. nao tem problema, dizia vc, e isso pra mim soava como um "deixa, agora já nao me importa mais". pra quem conversava ate 5 horas, sinto que agora falamos línguas totalmente distintas e incompreensíveis.
eu torço muito pra que vc esteja lá na 6a feira. na véspera da fuvest eu fui lá, mas vc nao estava. semana passada fiquei em casa estudando, dizendo deixa pra la, mas me perguntando o que teria acontecido se eu tivesse ido -eu continuo achando que mudaria pouca coisa, mas mesmo assim nao ficaria com a sensação de falha e medo que sinto agora. eu torço pra te encontrar la, sair pra mais um almoço e poder dizer pelo menos um pouco desse vendaval que tem me virado de cabeça pra baixo nos ultimos dias. queria que vc voltase, mas me pergunto tambem como nao pode ser diferente, como seria nós dois juntos, daqui pra frente. talvez a gente devesse passar por isso pra construir um novo começo. mas me pergunto tambem se isso nao foi um ponto final. nunca como agora desejei nao acabar com esse texto, pois temo que ele seja a ultima referencia que farei a voce caso eu receba aquele nao definitivo que sempre me fez hesitar em conversar sério contigo.
que não haja ponto, exclamações, mas sim vírgulas e reticencias.
Inclinei-me depois sobre ela, rostoa rosto, mas trocados, os olhos de um na linha da boca do outro. pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia, mas nem esta razão a moveu.
-Levanta Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus e...
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cornetadas