terça-feira, 26 de maio de 2009

a chaga da prolixidade

disse meu professor que esse é um mal que aflige a minha classe como um todo. pobres jornalistas: a prolixidade está para nós como a corrupção está para as tão falidas intituições que um dia já fizeram capítulos nos livros de história - e que hoje não merecem algo além de uma página de jornal.

há quem diga que o brasileiro tem auto-estima. há quem diga que nao. CACETE, que exu-tranca texto do cacete. tema dificil não? sem uma opinião assim, minimamente estruturada (será isto ou mal?), o fato é: meu ceticismo me faz rebater as idéias a um primeiro mílésimo de segundo. creio não ser daquelas estúpidas que insistem em rebater mesmo quando seus argumentos perdem todo o sentido mediante a apresentação de outros. mas acho que me encaixo no perfil tipicamente jornalístico (sem estigmas, sem padronizações ou generalizações): quero TER OPINIÃO. Quero defendê-la. Quero ser AUTÊNTICA, e estar vivendo de acordo com as minhas próprias convicções - ainda que isso não seja de todo possível. Sim, não é totalmente possível já que, a todo instante, somos influenciados e influenciadores, num fluxo incessantes de opiniões, valores e (por que não) achismos. É, porque eu LOGO estranho alguém que afirma saber MUITO sobre determinado assunto. Por não gostar de alter-egos, por achar que tudo fica mais simples e bonito quando retocado com pinceladas de humildade. IMPOSSIVEL alguém saber de TUDO - ainda que esse tudo seja um único topico. O mundo é por demais complexo e os por quês ainda mais - complexos, incessantes e infinitos. De fato, pra mim a pergunta mais importante é: POR QUE?

largando um pouco os meus apostos, as vírgulas que escorrem pela minha mente, chegando até a caneta, creio que não sabemos. Ou, aqueles que pensamos saber, sabem que, NO FUNDO, não sabem mais que uma partícula quase insignificante do mundo INFINITO que é o conhecimento. E isso é o que mais me fascina: essa conscientização de nossas limitações, mais que nos fragilizarou amendrotar, nos é necessário para sobreviver. dizia nietzsche que a dor e o medo nos são necessarios, nos fa sobreviver. bom.. além de prolixa, sou um BLEFE, como diz a minha gemea.

se essa conscientização de nossas incapacidades e limites nos é tão fundamental quanto a própria coragem, por que nos é TÃO dificil aceitá-los? Se todos somos humanos, se todos temos incompetências, defeitos, lacunas em nosso eu - profissional, pessoal, coletivo e individual - POR QUE esse processo é TÂO doloroso? É muita leviandade pensar que não há melhor que nós. mas, quando nos deparamos com essa realidade assim, cara a cara, dói. ah se dói. é aquele típiuca verdade "universal" (se é que ela existe), mas que preferimos não encarar assim, tão de perto, tão ...real. Isso nos machuca, nos fragiliza, nos fragmenta, nos DILACERA enquanto humanos. é fato, um acontecimento um tanto inexorável - tal qual a morte. Nos depararmos com quem é melhor que nós, sob diversos aspectos, é tão corriqueiro quanto um bom dia, algumas vezes. alguém mais desenvolto, mais simatico, mais receptivo, mais inteligente, mais sentimental, mais frágil. mais chato, mais mau-humorado, mais sério, mais cético. mais frágil, mais inseguro, mais confiante, mais desconfiado. mais amante, mais amado. enfim: mais humano.

queria agora me deparar com o ser mais HUMANO - sim, com todas as nossas inquietações e possibilidades, com seus conflitos e suas resoluções. queria perguntar-lhe: como você faz para conviver com esse "eu" - o mais humano do qual se teve notícia? pode ser que não seja TÃO fácil, ou tão amistoso assim.mas isso, ainda seria, permaneceria um mistério desafiador para mim. mesmo achando beleza nesse desentendimento que me completaria, creio que, se eu fosse esse tal humano, não pararia de me questionar, de buscar, de resolver, de duvidar. a todo instante, a cada momento, a todo afago. mas, parando pra pensar, acho que é bom que eu seja assim, menos humana, mais insossa. ISSO é o que me faz sobreviver.


(e, como sempre, eu me desvio e acabo dizendo algo completamente inesperado do que o meu script interior havia planejado. no fundo é isso: não poetizo, nao escrevo coisas belas. sou prolixa, cética, ultimamente dilacerada por regras, limitações, IMpossibilidades. sou assim: às vezes, tento melhorar, me adequar às diversas situações com que me deparo a cada pensamento. em outras, busco radicalizar para não perder o que há de mais genuíno em mim. talvez eu não seja jornalista. nem poeta, tampouco fazedora de arte. mas há quem diga que todos têm o seu lugar no mundo. tomara que essas "chagas", tão enraizadas no mais profundo EU, tenham também o seu.)

"Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente."
[Fiodor Dostoievski]

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