sábado, 28 de fevereiro de 2009

sem tempo.


EXAUSTA.
Mari, meu amor, perdoe-me: tive que cochilar hoje!

Canção de Mim Memso

Quero ouvir o que foi dito
Nos lugares que eu já fui
Memória que eu desacredito
O que poderá ser reescrito?

Fora da cidade
Ela procura a esmo
E eu já não sou mais o mesmo
Fora da cidade
Ela procura
Eu já não sou mais eu mesmo

Na casa há dentro outra casa
Vazio do tempo
Tempo que restou
Essa não é mais casa
Por onde eu caminho
Por onde estou
Onde eu estive, onde estou?
Cheguei onde nada mais restou

Agora não me importa mais ser herói
Nem ter a memória que corrói
E que sem saber destrói
Hoje penso no meu dia se ele constrói

Já não mais corro ligeiro
Pra ser imperador, guerreiro
Ando por aí, sou estrangeiro
Percorrendo um roteiro
Pra surgir de novo inteiro


Música da peça de ontem *-* 10 mangos MUITO, MUITO, MUUUITO BEM GASTOS - sem contar o bombom e o ovomaltine, claro. "Uma peça completamente experimental, que nos dá a sensação de não haver texto prévio e nos relembra o frescor do teatro", li numa crítica sobre a peça ontem.

Conclusão de hoje, agora há pouco: algumas coisas NUNCA MUDAM.
Algumas pessoas realmente são feitas umas pras outras, se encaixam, se completam, se entendem. Combinam, simplesmente.

Nunca ouvi uma risada como aquela.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Flagrante de um dia feliz.


almoço de comida japonesa + bacalhau à portuguesa + bolinha de presunto e queijo com a minha GORDINHA =)

Aula de geografia que já me fez babar pelos olhos (alô Guima!). Minhaa nossa: a Cris é F-O-D-A, no sentido mais PLENO e COMPLETO da palavra!

Ouvir histórias do José Rafael, dar abraços no Fernandão (BAAAAAAAAAAAAAAAANDEIRANTEEEES!) e ouvir piadinhas so Sassáááááá.

Conversar na soleira da casa das Rosas, descalça, com o sol batendo no cabelo da minha cereja.

Passar 15 minutos com uma turminha de nerd porra-loucas (?) e RACHAR de rir.

Encontrar minha gêmea AND, ver uma peça LINDA de 3 horas e pouco AND roubar duas flores azuis GIGANTEEES.

Ler uma msg por MSN falando sobre o seu sorriso (minha nossa, não faça isso. Alô indecisão!)

Voltar pra casa ouvindo Beatles com minha mãe no carro.

Enfim: diaaaaaa feeeliz \o/
Solto, meu, nosso.

- talvez seja esse ímpeto o que nos angustia.
- um amigo da minha mãe disse que não gostava de pombo. Não gostava porque se pombo fosse gente, seria mendigo.
- não entendo por que as pessoas são tão preocupadas em combinar o pijama. Se está todo mundo de olho fechado, dormindo, por que a preocupação? Ninguém vai ver oras!

- e se convencer de que, para ser feliz, não precisa ter títulos, medalhas, ser o campeão na corrida da vida nem traçar missões heróicas. Deve-se estar em paz com você mesmo (alô Ana Lú!) e ser bom, como pessoa.

[Frases retiradas da peça Nu de Mim Mesmo]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O primeiro velho dia

- então foi.

aquela correria.dorme tarde, acorda 10 pras 6. toma cafézinho - leite, torradinha com queijo, mamão, tudo preparado com o amor de mãe. Se troca, enfia as coisas na mochila, pega a pasta, soca o caderno, enfia o óculos, calça a meia, veste a bermuda. Desce, entra no carro. Parte.

Pega trânsito a caminho do metrô. Desce na Vila Madalena. Pega escada rolante, pede passagem, pede licença, compra o bilhete, passa na catraca, desde outro lance de escadas, entra na última porta do vagão em frente à placa, senta naquele assento único na beira da porta, olha as placas, as pessoas, o movimento, pensa em tudo o que foi, naquele outro primeiro dia, há quase um ano atrás. O que viverá, o que virá, o que pode ser.

Dog sujo, Black Dog, Ovomaltine, comida japonesa, lasanha em tarde fria de julho, arroz e feijão da padoca. Trufas, biscoito de polvilho, pirulitos, minhocas azedas, chiapas, pão de queijo, pão com manteiga na chapa. Capuccino fervendo, suco de laranja, de acerola, de caju, caipirinha. Restaurante vegetariano, um mais chique da esquina, o de comida baiana no Shopping Paulista antes do simulado. Sorvetes de bola, pedaço de bolo de chocolate gigante vendido na esquina, milk shake e pão de queijo da Starbucks.

Sebos por todas as partes, livros, livros, LIVROS. Cd´s dos boons (muito bons). Exposições, eventos de graça. Vergueiro, Brigadeiro, TRIANON-MASP, Augusta, Bernardino. Ibirapuera e bar pós-UNICAMP, partilhas pré-FUVEST. GEMINI, estacionamento, HSBC, Unibanco – Cinema, Centro Cultural São Paulo. Estantes de Clarice, avalanches de Machado, perdição entre os clássicos franceses. Gibis, quadrinhos – Mafalda, Calvin, Cavaleiros do Zodíaco, Turma da Mônica. Itaú Cultuiral. O livro do feio, a cantada do atendente, as estudadas com Camila, a organização tão maternal do lugar. SESC Paulista, pôr-do-sol, lanchinho da tarde mal dividido, sambinha, revistas infinitas, sacadinha com ar livre e exercícios de química.

Lembra da parada no Paraíso 6h52, quase todos os dias a partir de outubro. Outubrite, stress, pressão, pressão, PRESSÃO. Cansaço até o último fio de cabelo. E-X-A-U-S-T-Ã-O. Risos, conhecimento, crescimento, amadurecimento. Paixões, descobertas [ex-internas], dúvidas, incertezas, perguntas, indagações, expectativas. Angústia, TPM, impaciência, intolerância, desespero, desanimo. Esperança, prazer, emoção. Choro, gargalhadas, abraço, afago, colo. Lembranças.

Uma avalanche de um ano.
Que pode ter reprise, uma nova trama que, apesar do mesmo cenário, pede um novo final.

Dessa vez (mais) feliz.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

tantas coisas

a minha fase "descobertas das mais simples, incríveis e óbvias" (óbvio=estavam sob o meu nariz o tempo todo) teve sua continuação no carnaval.

minha mãe me fez ficar um tanto viciadinha no Acústico do Capital Inicial (faixa 7 dela, faixa 11 minha). Eu, que tanto falei que Capital era mamãozinho com açúcar mamãe-me-adoça-mais-um-pouco =S Eu e minha velha mania de cuspir pra cima e cair na cara.

Terminei livro do meu querido Joaquim Maria (Assis, Machado de). No fim, vi que Iaiá Garcia, como estava escrito no prefácio, não apresenta muitas das características genuinamente machadianas (a ironia, o sarcasmo, o comentário dúbio e sugestivo do narrador...). No fundo bem no fundo, esperava mais do final. Mas, de qualquer modo, ter conseguido ler Machado nos dias derradeiros das férias maravilhosamente culturais que eu tive foi sensacional. Iaiá éum esboço um tanto distinto e muito bem feito da aclamada Capitu (sim, a cigana dissimulada dos olhos de ressaca). As metáforas de Machado, e as suas referências a outras consagradas obras da literatura universal mostram que esse mulato é, de fato, um dos melhores escritores de todos os tempos.

Carnaval = praia. Pelo menos aqui em casa. Brigas diversas com a família - como sempre. Se aqui em casa não tiver uma discussãozinha que seja - pelo canal da TV, pelo time de futebol, pela louça sem lavar, pela apuração da escola de samba, pela minha velhice em plenos 18 anos, pela boca suja do Pedro, pelas gordurinhas do Júlio, pela chatice do meu pai, pelas neuras da minha mãe. Família ENCHE O SACO quando acorda disposta a tal. Mas também pode ser razão de muitas risadas e momentos de alívio. Quero ainda escrever um texto sobre família, mas quero estar mais calma e minimamente com cabeça para isso. Abaixo, um trecho de um texto colhido em blog alheio com algumas palavras sobre o assunto.

--NÃO SE DEVE IDEALIZAR AS FAMÍLIAS, E DE NADA SERVE ODIÁ-LAS TAMPOUCO. A FAMÍLIA TAMBÉM É UMA PRISÃO, DA QUAL SERÁ PRECISO SAIR. MAS O QUE COLOCAR NO LUGAR? O ORFANATO OU A ESTERILIDADE TAMBÉM TÊM SEUS INCONVENIENTES.

--A FAMÍLIA, QUE DÁ TUDO AO FILHO, TERMINA ASSIM POR DAR O PRÓPRIO FILHO. PARA QUEM? PARA UM OUTRO HOMEM, PARA UMA OUTRA MULHER, POR CERTO, MAS TAMBÉM – EM PRIMEIRO LUGAR E SOBRETUDO - PARA ELE MESMO. É ESSE ÚLTIMO DOM, O MAIS BELO, O MAIS DIFÍCIL, QUE SE CHAMA LIBERDADE. ISSO NÃO É VERDADE EM TODA SOCIEDADE, ESPECIALMENTE PARA AS MENINAS, MAS O É NA NOSSA, E TEM DE SÊ-LO CADA VEZ MAIS NO MUNDO. A FAMÍLIA DÁ E PERDE: DÁ PARA PERDER, ATÉ, PARA QUE O FILHO SE VÁ, E ESSA É A ÚNICA VITÓRIA QUE OS PAIS PODEM ESPERAR.

(mais detalhes: http://intertiscios.blogspot.com/)

Voltei de viagem hoje. EXAUSTA. Vi uma cena FODA na praia (alô faculdade!), que ri e fiquei boba olhando durante algumas horas. Acabei de aprender a fazer macarrão (ou não). Eu definitivamente ODEIO serviços domésticos (machismo e a mulher como uma das grandes culpadas por essa PESTE que aflige a sociedade como um todo é outro tema sobre o qual quero ainda escrever aqui). Comecei um livro que fala sobre a arte de escrever - Schops já acabou com os psudo-escritores (desabafo!) em pouco menos de quatro páginas. Hoje vi uma das letras MAIS lindas que já vi na VIDA - Legião claro.


É saudade, então

E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do teu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com as lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça

E da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes

E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte


E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
E é só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito" e "não-te-esqueças-de-mim"

(Acrilic On Canvas)

minha nossa *.* suspiros ao ler a letra.
Indagações, idealizações.
Meu erro de sempre. Mas tão meu.


Que pra ser o tal
Não é preciso ser
Bacana e sacal
Não é preciso ser
Sacana e banal
Não é preciso ser
Mas o difícil é entender
Que pra ser o tal
É preciso ser você

(Móóveis =)

semana que vem na Paulista meu bem \o/
com o perdão da edição.

(ps. nota 10 pra enredo que conta a história do TAMBOR - VAI TOMAR NO CÚ.
ano que vem vou fazer um enredo sobre flauta boliviana, daquela que os nossos hermanos tocam pelas pracinhas Brasil afora. Quero ver se eu não ganho o carnaval.)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Porcelaneamente Cristalina




Ela na sua magnífica força e coragem aprendeu a ser livre; gritar quando tem vontade, a chorar quando precisa chorar e a sorrir mesmo quando a situação não permite sorrir. E, perante os olhos intimadores dos homens e de tamanha curiosidade, ela levantou a cabeça e mostrou que não era uma boneca de porcelana, mas que podia ser quebrada várias vezes e que sempre conseguia juntar sem perder nenhum dos pedaços.

(Clarice, sempre ela).







Acho que nuncaa vi algo que me descrevesse, que me previsse, que me descobrisse.

Sem muita fé e coragem pra escrever hoje.

Li sobre as mudanças no curso de jornalismo.
Matei umas saudades ENORMEMENTE GIGANTES de algumas das minhas favoritas.
Quebrei meu regime com Ovomaltine (delícia).
Chorei ao telefone - totalmente inusitado.

Não tenha medo de recomeçar, ou de fazer de um modo diferente.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

novo medo velho

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma de nossos corpos e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares.É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.
(F.Pessoa)

Vai ver que você está com o curso mal escolhido... pensa melhor. Porque clareza de idéias eu sei bem que você tem, era ótima aluna, super rápida a entender, muito crítica. Pergunte a você mesma sem ter receio da resposta. (Bê)

Puta que pariu.

...sem medo?

Hamlet - Parte II

Imagino a pergunta minimamente óbvia que deve ter ficado: por que enumerar os posts sobre Hamlet (I, II, III...) se não houve continuação do primeiro? Pois aqui está.

Falei sim do elenco TODO no primeiro post, afinal, já que a peça não era um monólogo,todos tiveram absoluta participação no fato de "Hamlet" ter sido o sucesso que foi. Faltou-me falar do protagonista- não o único responsável pelo sucesso - mas, digamos, a cereja que faltava no bolo.

Já narrados os primeiros minutos de alucinação mediante Wagner Moura em cena (acho que se sente ago assim quando se vê alguém famoso...não paixão nem tietagem mas aquilo de: “Nossa, agora tão perto”. Sempre sinto que o que se vê na TV é um tanto distante do que ocorre aqui do outro lado da minha calçada). Passados esses minutos, notei que Wagner estava um tanto comportado em cena – dramatizava, mas nada “MINHA NOSSA,ELE É O HAMLET ENCARNADO”. Ouvi comentários, opiniões de amigas minhas que tinham ido à peça. Elas disseram que Moura estava IMPECÁVEL, e se doou tanto ao personagem que, em algumas falar, chegava até mesmo a babar. Fui exatamente com esse imagem na cabeça. Passados uns 30 minutos de peça, esse Hamlet passou a ser visto (mediante a situação em que se encontrava na trama). Wagner babou, cuspiu, gritou, pulou, chorou, e,o principal: sentiu. Ainda me encontro um pouco sobre o efeito Benjamin Button, e lembro de uma das melhores frases do filmes, quando Benjamin está sentado aprendendo a tocar piano com uma das senhoras da pensão. Ela diz: “Não importa o quão certo você faça algo. O importante é sentir o que você está fazendo” (algo muuito semelhante, não estou absolutamente certa quanto aos termos e sua ordem, mas era isso, em essência). Foi exatamente isso que senti quando vi Wagner em cena. O recurso encontrado pelo grupo (câmera ali, ao alcance da platéia, cujas imagens eram projetadas no telão ao fundo) só realçaram os olhares, a angústia, o medo, a vingança vivida por Hamlet. Uma das melhores cenas utilizadoras desse recurso se deu quando Hamlet jura ir ao topo do penhasco para ver se ali há o fantasma de seu pai (visto pelos amigos do príncipe). O olhar de Wagner, uma ponta de brilho, uma mescla de medo e ansiedade, um quê de coragem temida. Wagner estava, simplesmente. Seguro, temido, temente. Doando-se, recebendo. Experiente, novato. Vivendo, atuando. Sensacional, de fato

Comecei a peça com os olhos molhados, terminei-a com eles babando (Alô Guimarães!). A primeira cena da peça se dá com Hamlet sendo vestido por uma armadura (adorei a simplicidade da peça). Uma jorraaada de pensamentos, sensações, sentimentos, expectativas, medos, angústias, esperanças passaram por mim nesse instante. Não vi ali Hamlet, e sim Wagner. Imaginei todas as dificuldades que ele deve ter enfrentado para poder chegar até ali – não ao teatro FAAP, não à Hamlet simplesmente, mas ali: ao seu sonho. Pode ser papo clichê, mas vestibular me deixa um tanto careta assim. Vi uma entrevista dele no Roda Viva na qual ele disse ter posto uma quantia do seu próprio dinheiro para que a peça virasse realidade (junto a capitais de alguns outros atores do elenco também). Tudo isso não deve ter sido nada perto do que ele já deve ter passado: vindo da Bahia (terra que nos dá tantos mitos culturais, mas tão castigada pela sua localização no Nordeste brasileiro – região que não recebe não investimentos, por mais que exista Bolsa Família). Já tinha lido que ele começou a carreira como jornalista, mas, pessoalmente, ele me disse que sempre exerceu as duas profissões (ator e jornalista). Duas profissões um tanto complicadas num país como o Brasil – sim, onde a cultura não recebe estímulos, e a mídia (como em quase todos os países do mundo) faz o que bem entende para criar a realidade que lhes é interessante.

Por mais que eu escreva – linhas, páginas, folhas – não poderei dizer o que passou por mim naqueles instantes primeiros do espetáculos. Mas o fato é: foi sim, diferente, e o ingresso já valeria pelo que ali se deu. Ao fim da peça, ao ver a platéia ovacionando, aplaudindo de pé, ouvi uma voz que e dizia: siga o que te manda aqui dentro. Faça o que sonha, lute pelo que acredita. Por mais pessimista que eu me demonstre em alguns momentos, isso de “acredite, lute, busque” compõe o que existe de mais Alessandra em mim.

Ao ver aquela platéia ali, aplaudindo, e o rosto de cada um dos atores,imagino o que deve ter passado dentro de cada um deles. Minha miopia não me permite nada além, mas aposto que um brilhinho que ali havia era união do brilho de cada um deles. No fim, era como se aqueles aplausos me dissessem: . Faça o que tem que fazer, sem medo. Busque o que você acredita, lute pelo que sonha, sinta cada palavra, transpareça o que há de mais seu. Sem medo.

Que, assim como Hamlet, como Wagner, como o elenco, eu me vista com a armadura – da coragem, da força, do receio, da confiança – e parta para o mundo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Affonso Romano de Sant'Anna, Poesia Reunida, Volume 2



A MORTE DAS IDEOLOGIAS

1.
Um dia começaram a morrer, visivelmente,
as ideologias
As mais fechadas esborracharam-se
da noite para o dia.
Outras ainda resistem
- são mais espertas –
e aparentemente controlam
a incontrolável rebeldia.

2.
O mundo certamente não é
como os ideólogos queriam
O mundo é
vário
e o homem
incontrolavelmente revolucionário
revoluciona às vezes
de trás pra frente
e ao contrário.
Nossa pretensão
aglutina teorias
mas a prática
nos desmente.

Isto é o que nos salva,
embora o controle da história
escape à gente.


Tirado de um presentinho da minha mãe hoje =)
Vi esse livro há 2 semanas, mas a gente nao levou.
EU AMO AS BANCAS DA PAULISTA \O/

Com a alma leve, branca como a neve :}
Feliz, tranquila.
Encontrei a plenitude novamente.


Agora sim: um brinde à 2009.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Que Patch Adams que nada. O cara é Nicolelis.

Não. Não tenho absolutamente nada contra o querido, aclamado e idolatrado Dr.Patch Adams – cuja obra foi tema do filme “Patch Adams, O Amor é Contagioso”, interpretado divinamente pelo todo poderoso Robbin Williams. Admiro muito todo o trabalho realizado por Patch, e o fato dele ter conseguido expandir seus projetos mundo afora. Mas a verdade é: ao levantar do sofá (impressionada) após ver o programa Roda Vida de hoje, senti que, mais do que uma aula de neurociência e tecnologia, presenciei uma lição de cidadania e patriotismo (por mais hipócrita que isso soe para alguns).

Explicando:o Dr.Miguel Angelo Laporta Nicolelis, paulistano, formado em medicina pela USP e doutorado em neurofisiologia pela mesma Universidade. Pós-doutorado foi na Hahnemann University, Filadélfia. Hoje, Nicolelis dá aulas de neurobiologia e engenharia biomédica na Universidade Duke (uma das mais respeitadas do mundo na área) e co-dirige o Centro de Neuroengenharia.


Neuroprótese. O termo parece esquisito, mas é feijão com arroz para Nicolelis. Afinal, ele foi um dos principais desenvolvedores da coisa – nada mais que uma interface cérebro-máquina — uma espécie de “ligação direta” entre os neurônios e os nervos, sem precisar passar pela medula. Por isso seu trabalho é um marco na ciência: no famoso monkey lab da Duke, a macaca Aurora moveu um braço robótico apenas com a “força do pensamento”. O movimento foi possível com o desenvolvimento de um chip que capta sinais cerebrais e os interpreta segundo modelos matemáticos criados pelos próprios pesquisadores do laboratório de Nicolelis. Ou seja: a longo prazo, o chip pode ser desenvolvido para uma neuroprótese que possibilite, por exemplo, um tetraplégico, que sofreu uma lesão severa na medula, voltar a caminhar.

A hipocrisia mencionada acima relaciona-se ao patriotismo demonstrado não só na entrevista de hoje, como também nos trabalhos desenvolvidos pelo médico. Ele, com (leve) apoio do governo federal, implantaram o Instituto Internacional de Neurociência de Natal, em Macaíba, um lugar da periferia da cidade.

A idéia é que o NatalNeuro seja um centro catalisador e transformador da sociedade”, diz. Para isso, está sendo criada uma escola para as crianças da comunidade vizinha – formada por catadores de papelão e lixeiros. “Há crianças ali que têm cicatrizes causadas por mordidas de rato. Como vamos lidar com camundongos em testes ultrasofisticados sabendo de fatos assim?”.


Esses são alguns dos trechos do perfil descrito no site http://impostor.wordpress.com/perfil-miguel-nicolelis/.

Assim que o programa acabou, vim CORRENDO pro computador procurar mais informações sobre.

O melhor de tudo – mais do que ver um programa desses dando certo – é perceber a sua amplitude e significado. Segundo Nicolelis, um de deus idealizadores, difundir o gosto pela ciência no país, mais do que formar cientistas, contribuirá para que formemos não só um país melhor, mas também cidadãos, que de alguma forma revertam o que aprendem em faculdades à sociedade como um todo. “Devemos mostrar que a ciência não se resume a laboratórios, simplesmente, e que pode ser um grande meio para tratar-se da questão social”.

Além do trabalho realizado em Macaíba, Nicolelis e sua equipe pretendem ampliar o projeto para um região do semi-árido da Bahia. “Vai ser a primeira vez que teremos algo assim no semi-árido – uma região única, existente apenas no Brasil. A nossa caatinga é exclusiva, não há ecossistema como esse em nenhum outro lugar do mundo. A intenção é fazer com que as crianças aprendam ali, no lugar em que cresceram e viveram suas vidas, desenvolvendo avanços que beneficiem primeiramente a população local. O mais fascinante disso tudo é que elas não querem largar o semi-árido. Elas querem permanecer ali, e não trocariam aquilo pelo transito caótico de São Paulo ”. Além de cidadania, houve também aulas de geografia =)

Um dos maiores momentos do programa deu-se quando um jornalista do jornal O Estado de São Paulo (alô, sonho!) – que fez perguntas bem pertinentes –afirmou que Nicolelis é um dos favoritos ao Nobel, sendo o brasileiro que mais terá chegado perto dessa conquista, perguntando em seguida se, caso Nicolelis leve o prêmio, se este será dedicado à sua criação e história no Brasil ou se à infra-estrutura dos EUA. Particularmente, achei uma pergunta difícil de ser respondida (aquelas que te deixam em saia justa caso os presidentes dos dois países estejam assistindo ao programa). Nicolelis desconversou esse papo do Nobel, e respondeu que o prêmio, por mais apoio que tivesse conseguido nos EUA de modo a desenvolver o seu trabalho, seria do Brasil. “Cresci aqui, me formei aqui, e aqui surgiu toda essa idéia relacionada à área médica. No Brasil, me foi permitido sonhar”. Outra pergunta, essa feita pelo diretor da Revista Science Brazil (dono de perguntas maravilhosas) questionava qual o significado desse trabalho realizado em Natal,além da parte social. “Por que voltar ao Brasil mesmo estando consagrado nos EUA?”. Nicolelis responde: “Senti que, como brasileiro, deveria fazer algo que contribuísse para o Brasil, englobando a medicina, a área social e a chance de desenvolver um projeto que depois se expanda para outros países – como é o caso de um africano [que Nicolelis preferiu não mencionar]. Não fui o primeiro nem serei o último a deixar o país em busca de melhores condições para a realização de trabalhos, mas acho que deve haver um retorno por parte daqueles que se vão. Acho que o Brasil ainda tem medo, medo de ousar. Precisamos quebrar a estrutura colonial vista aqui, investir sim em educação. O Brasil tem um grande potencial, e, através dessa mudança e do uso de suas riquezas naturais, poderá sim ser uma grande nação”.


Fiquei me perguntando qual a minha atitude em relação à isso. Eu sou sim uma daquelas que pensam: ”Nossa, isso daqui nunca vai dar certo” quando sai uma manchete contando sobre mais um escândalo envolvendo política-dinheiro-poder. A hipocrisia a que me referi no começo do texto relaciona-se ao fato de Nicolelis exaltar sim o Brasil, mesmo vivendo nos EUA. Muitos diriam: ”Assim é fácil elogiar o país. Ele não vive aqui, não sofre com a tamanha corrupção, não tem o dinheiro de seus impostos quase todos desviados”.Eu mesma, se não tivesse visto a entrevista até o fim, ficaria com uma impressão dessas. Mas, ainda que essa realidade desanimadora seja verdadeira muitas vezes, a iniciativa de Nicolelis que ficarmos parados, culpando os políticos por todos os males que afligem o país não é a solução. No Brasil, por mais que não se queira, ainda há aquele ar de esperança que existe desde que o Brasil é o Brasil. Muitos filósofos dizem que a esperança é o grande erro da humanidade. Por mais cética e crítica que eu seja sobre o nosso país, creio sim (principalmente após o Roda Viva de ontem) que ficar reclamando e não fazer absolutamente para mudar não o mundo ou o país, mas o pequeno espaço em que se vive é sim o grande erro. Após estudar uns pitacos de história e ler o livro 1984, de George Orwell (obs.: do caralho), vejo que grande revoluções e movimentos não são a solução. Hoje, a iniciativa transformadora relaciona-se muito mais à coleta seletiva no seu condomínio, ao acompanhamento dos pais sobre a vida escolar dos filhos (uma mudança cultural que envolve o cotidiano atribulado dos dias de hoje, e que não há dinheiro de mensalão que resolva), a discussões e palestras em escolas e faculdades, à vontade (e necessidade) de mudar algo de ruim (ou não tão bom) que existe em CADA UM.


Sem adulações, mas, ao desligar a TV lembrei do programa que mostrou a entrevista com o médico norte-americano e pensei: “Patch Adams que me perdoe, mas esse daí é Made In Brazil”.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Hamlet - Parte I


Demorei o dia todo para conseguir transcrever o que sobrou, o que senti antes, durante e após Hamlet.

Era como se estivesse ainda digerindo essa fusão de pensamentos e palavras, atos e ações a que eu, em meio à grande platéia de dezenas de pessoas, fui submetida ontem.

Vamos lá, começar do começo, tentando por tudo isso no papel, para o mundo do real, do transcritível.

Me aprontei toda pra ir ao teatro. Não que eu vá exibir certos modelitos no teatro, mas sou daquelas que gostam de ir mais arrumada, afinal, peça é sempre um espetáculo – é pior que pizza: mesmo quando é ruim é bom. Teatro resume a arte do improviso, a arte de uma nova cena a cada ato, por maais que a trama seja a mesma. Cheguei no Teatro – lindo, como sempre, e eu olhei os vitrais, como sempre. O saguão lotadoo. E eu mais extasiada do que NUNCA.

A peça atrasou alguns minutos. Sem tietagem, mas confesso que, bem nos primeiros cinco minutos de peça, fiquei absorta do ver Wagner no palco. Aquilo de “Nossa, olha ele ali, a alguns metros, encenando a peça que eu esperei tanto tempo para conseguir assistir”. Mas depois de certo tempo, esse estado de transe foi passando.

Essa transe de admiração foi sendo substituída por uma surpresa tão boa – o elenco TODO era sensacional. Claro, é muita justiça ir ver uma peça dessas apenas pela atuação do Moura (e, por mais absurdo e obvio que isso seja para alguns, senti algumas permanecendo nesse frenesi durante as três horas e meia de peça.). Wagner está sim DIVINO na peça – o que eu percebi após meia hora de espetáculo, confesso – mas o elenco,de forma geral é DO ALEM. Tonico Pereira estava invejável no papel do tio de Hamlet, mais do que vilão:um grandessíssimo canalha. Mais do que gritar, dar vida a falas que eu, leitora tão precoce e mal treinada, pouco teria notado, Tonico transpareceu a falta de caráter do personagem – que, além de assassinar o próprio irmão, finge redenção para morrer em momento de glória e salvação. Já Georgiana Góes, a intérprete de Ofélia, além de linda, destaca-se de maneira brilhante ao encenar a loucura e a morte de sua personagem – o lençol branco marcando as expressões de dor no rosto de Ofélia, congeladas por longos instantes na câmera logo a frente. Já Mateus Solano, cuja articulação e o tom de voz, firme porém amigável, fizeram de Horácio, o melhor amigo de Hamlet, mais que uma mera sombra do príncipe dinamarquês. Gertrudes (Carla Ribas), viúva rainha da Dinamarca, é a causadora de uma das maiores perturbações que afligem o protagonista: o amor incestuoso vivido entre ela e o tio de Hamlet, logo após a morte de seu pai, assassinado. Gertrudes muda de comportamento e postura ao longo da trama: de esposa submissa ao atual marido passa a encarnar a mulher de valores falidos, casando-se com o cunhado, que assumiu o trono no lugar de seu filho. Peculiar perceber como o cabelo de Carla Ribas marca essa mudança da personagem. No início da peça, os fios negros encaracolados encontravam-se alinhadamente presos, enquanto que, no diálogo travado com Hamlet em seu quarto, o cabelo solto e as roupas íntimas de dormir revelam a rainha dinamarquesa uma mulher que seria comum não fosse a situação dramaticamente trágica em que se encontra. Nesse diálogo, Gertrudes ouve do filho as terríveis verdades das quais ela tenta esconder-se através do cabelo alinhado, da roupa luxuosa, da ambição ao trono, da tradição real.


Obviamente que os outros atores deram o toque final à peça. Polônio, pai de Ofélia, proporciona muitos dos momentos mais inesperadamente engraçados do espetáculo.

Esta aí um dos motivos pelos quais a adaptação de Aderbal Freire Filho a adaptação merece destaque. Mesmo sendo um dos clássicos monstruosos da literatura universal, o Hamlet brasileiro (ou devo dizer baiano?) não transparece toda a complexidade e formalidade por trás de Hamlet, reflexo da magnitude Shakesperiana. Sem roupas extravagantes de reis da época, sem qualquer cenário que fizesse alusão a castelos ou cortes. Sem músicas instrumentais clássicas que reavivassem o século XVI vivido por Shakespeare. Pelo contrário: calças, all star e casacos pretos, escadas cuja estrutura interna está à mostra, trilha sonora (muito boa) nada clássica e muito da contemporânea representada pelos acordes de Rodrigo Amarante, que mescla a doçura do violão e a agressividade da guitarra, ou vice-versa, dependendo do momento da peça e do ponto de vista. E o melhor: uma câmera na mão flagrando rostos, olhares, costas, braços, mãos, bocas, toques, gritos. Tudo ali, ao alcance da platéia, projetado num telão ao fundo.

Pelas impressões que tive, posso dizer que a maior (e melhor) surpresa foi a palavra que, para mim, é capaz de resumir a peça. Simplicidade. Apesar dos pesares, de tratar-se de Shakespeare, de uma peça escrita originalmente em inglês arcaico, de abordar temas complexos e humanamente universais como a morte, a traição, a paixão, a loucura, a vingança. A alma humana em toda a sua profunda obscuridade e complexidade absoluta. O homem que, mesmo em seu estado mais irracional, faz-se propositadamente de louco para satisfazer seus planos previamente arquitetados. A declamação do “Ser ou Não Ser” ali: explicado, como num diálogo entre o elenco e a platéia que, espantada, se indaga: “Será que eu entendi?. “Será isso mesmo o que esses aclamados versos querem dizer?”. Segundo o diretor, sim, o é.

Acostume-se. No Hamlet brasileiro é ‘simples’ assim.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A menina de Port Arthur - uma texana nada convencional



No dia 19 de janeiro de 1943, nascia em Port Arthur, Texas, Janis Lyn Jolin, filha de Seth e Dorothy Joplin. Era uma criança quieta e obediente, aplicada no colégio, sempre querendo se superar.


Para Port Arthur, Janis começou a ficar incômoda. Primeiro, porque, com a chegada da adolescência, ficou muito feia: espinhas, cabelos ásperos, gorda. Uma dama do sul tem que ser bonita, suave, quieta. Os colegas rejeitavam Janis porque ela era feia, e ela respondia com agressividade. Maus modos. Depois, Janis pensava. Pensava além do mundo estreito da cidade, além dos limites do bom comportamento que uma garota texana deve ter. Janis lia muito, lia de tudo:política, arte,folosofia. Com 12 anos ela teve a audácia de se dizer a favor da integração racial, em plena sala de aula. "A partir daí tinha sempre um grupo de garotos atrás dela, vaiando e gritando que ela era amante dos crioulos", lembra uma antiga amiga. Com cerca de 14 anos, ela se perguntava com insistência porque não conseguia ser como suas colegas, porque não podia fazer o que os rapazes faziam: jogar sinuca, beber nos bares de Louisiana, tocar violão e cantar nas praias do Rio Neches até de madrugada. Se era feia,mal educada e estúpida, ela não tinha nada a perder. Não seria uma bela garota texana. Seria um dos rapazes.


"Por que nenhuma homem gosta de mim? É por isso que eu canto blues, porque os blues são a eterna canção da mulher sozinha, iludida, enganada, esperando..." (Janis Joplin).


E pensar que o Texas nos deu pessoas assim, e coisas como George W. Bush.
No mínimo irônico.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Amor - O Interminável Aprendizado


...O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.

Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.

O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.

Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.

O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.

Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.

Absurdo. Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?

Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente. Não era só a estória e as estórias do seu amor.

Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.

Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.Não havia jeito.

O amor era o mesmo e sempre diferenciado.

O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.

Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.

E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.

[Affonso Romano de Sant'Anna]


Escritor de quem conheço alguns poemas (fascinantes, realmente), cuja obra descobri fuçando um fotolog de uma menina da escola.

Viva a arte de fuçar escritos alheios \o/
(e que os deuses da matemática estejam comigo hoje.)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Menta marroquina e frutas cítricas


De taaanto encher a paciência de minha progenitora, finalmente consegui fazê-la comprar pos ingressos para a peça Hamlet. Sim, estarei lá, sábado, vendo Wagnão impecável (como sempre) no palco do Teatro da FAAP. Li algumas coisinhas sobre um das obras-primas Shakesperianas, e, quando vi, já estava também lendo sobre Narcisismo, Santo Agostinho, João Calvino, Monólogo, Psicanálise (!).

De fato, não descobri coisa MELHOR nas férias do que fuçar. Sites, blogs, temas, fotos. Você começa pensando em algo, e quando vê, já está se deparando com algo completamente diferente. Foi assim ontem também: descobri (finalmente!) o CD do Bob Dylan que tinha roubado momentaneamente da minha vizinha (alô apto.81!). Li algumas letras (uma muito, muito foda, que era praticamente uma mini-aula de história). Depois de Dylan, me deu um insight e eu comecei a ler letras de músicas (divinamente) interpretadas por Elis *.* Toda vez que penso em Elis tenho ABSOLUTA certeza de que nasci na época errada. Às vezes (=muitas vezes) me pergunto o que não teria dado pra ir num show dela. Vi alguns clipes dela à la anos 80 (alô nostalgia!). Enfim, coisa muito da boa :]

Voltando a Hamlet, cheguei da FAAP hoje (pô Wagnão, não tinha nenhum outro teatro mais baratinho que o do senhor Álvares Penteado?). Aquele lugar é definitivamente lindo. Lembro de ter ido lá pela ultima vez com a escola, para ver uma exposição de esculturas que vieram da Calábria, Itália (exposição essa que mudou completamente as minhas concepções mal formuladas sobre arte). Como daquela vez, assim que parei no saguão da faculdade, olhei pra cima. O vitral que tem lá é, realmente, do além. Transmite leveza, uma calma, como se fosse algo transcendental, sabe?

Depois de comprar os ingressos, eu, mamis e minha promoter fomos a um "café", que fica em frente à FAAP. "O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo" - sim, esse era o nome. Minha mãe, informadíssima como sempre, falou que o bolo dali era famosíssimo. Li em algum papel lá dentro que esse bolo foi inventado em Lisboa, na feira de Santa Clara. O sucesso foi tanto que o cara ampliou as lojas, até chegar ali no Pacaembu. Conclusão: a globalização também tem suas qualidades, não? Principalmente para nós, gordinhas safadas!

Não sei o que tem naquele bolo, mas é, de fato, diferente de tudono que eu já comi. Confesso que o bolo de chocolate da Márcia (alô infância!) é algo DIVINO, e que não deixa nada (nada!) a desejar para esse bolo. O tal bolo é beem vistoso. Parece um suspiro de chocolate com recheio - a massa é mais durinha que aquela convencional, parecendo um biscoito cuja massa é aerada, que derrete na boca. Sim, ficar imaginando uma delícia dessas e passar vontade engorda até mais do que experimentá-la (e não ouse duvidar de que não tenho base científica para comprovar a afirmação feita anteriormente). Para completaro papinho no café, pedi um chá de menta marroquina e frutas cítricas.

- Como é o nome? - disse.
- Menta marroquina e frutas citricas - respondeu a atendente, com um sorriso lindo, já morrendo de vontade de rir.
- Nossa mãe,olha isso. Acho que eu levaria uns cinco meses para decorar o nome disso. Chique não? Traz um pra mim por favor?

E a atendente sai sorrindo. Não consegui identificar com se com cara de "De onde veio essa menina sem classe?" ou "Quem trouxe ela pra cá?". Mas, de qualquer maneira, gostei do sorriso dela.

Tomei o chá (derramei metade, óbvio - não nasci para tomar chá). Mas não é que o negócio de nome-pseudo-chique-emergente era bom? E olha que eu não tomo nada além de um simples camomila ;] Na conversa no café me senti um tanto adulta demais (algo ruim, não bom). Estava no meio de desabafos de mulheres que vivem uma fase um tanto desiludida. A chuvinha fina que caia lá fora, parecendo riscos de lápis aquarela recém molhado, acentuaram o ar dramático da conversa. O mais diferente foi ouvir: "Não, porque a Edna me disse que eu sou um espírito adiantado e que tem alguém me esperando do outro lado. Companheiro meu, de jornada".

Fiquei toda arrepiada ao pensar em justificativas assim quando não se sente mais vontade de viver. Religião, misticismo, explicações que fogem da abrangência científica sempre me deixam, no mínimo, curiosa ou até impressionada. Nessa hora,uma menina toda maltrapilha passava na rua, tomando a chuvinha de aquarela. E nos ali, quientinhas, comendo "O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo" e um chá com um nome exoticamente fino. Se culpa doesse, eu deveria ter ido pro hospital, por cinco segundos que fossem.

[E agora me dá licença pois tem Wagnão passando na Globo - algo minimamente decente no lugar das três letrinhas emburrecedoras do horário que de nobre não tem nada. Até sábado, querido Hamlet.]

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

I Believe In You

Don't let me change my heart,
Keep me set apart
From all the plans they do pursue.
And I, I don't mind the pain
Don't mind the driving rain
I know I will sustain
'Cause I believe in you.

Numa tarde de ressaca, descobrindo Dylan.

Hard Times


Comer dog sujo na calçada. Ir ao lugar que foi sua casa por, praticamente, um ano. Rever algumas pessoas (o coordenador com uma cara extremamente cansada, como se já estivéssemos em junho!). Ver que algumas coisas, por menores que sejam, mudam - por mais que você não queira isso. Comer brigadeiro no potinho. Ver um sorriso lindo ao vivo, sendo que só o havia visto pelo Orkut.

Com tudo isso, e outros pequenos detalhes, vi que esse ano vai ser assim, digamos, um pouquinho mais "complicado" do que eu imaginava (sim, aspas afinal não sei o que é problema de fato). Não por rever a matéria (sim, deu medinho que toda a experiência que eu tive ano passado não servisse em alguns momentos esse ano, mas penso que se não deu, alguma coisa ficou faltando, certo?). Alguns dos que eu mais joguei confete ano passado não me acompanharão de tão perto mais, e talvez eu ocupe um papel novo esse ano, mesmo que a trama, o cenário e boa parte dos coadjuvantes sejam os mesmos. Queria que eu estivesse TÃO empolgada quanto estava nesse mesmo momento há um ano atrás. Claro, as condições são um tanto diferentes, e a pessoa que escreve também, mas vejo pessoas que, com mais tempo de luta que eu, não se “lamentaram”... tanto.

Mais do que animação, desânimo, raiva, impotência, o que mais me chamou atenção hoje foi o fato de eu perceber que lições definitivamente muito mais difíceis estão à minha espera este ano. Mais do que aprender a lidar um pouco com matemática, eu terei que aprender a lidar com a minha desorganização (seja ela interna ou não – alô Clarice!). Mais do que ter mais paciência com as pessoas que estavam ali próximas, do meu lado, tenho chances de ser mais “dócil” com pessoas que só falarão comigo quando o assunto for o ar-condicionado, a entregas de redações ou datas de provas (o papo do ar-condicionado vai ser, realmente, uma incógnita). Talvez pior do que se matar para fazer quase 150 exercícios de física em um/ dois dias, vou passar pela experiência não muito agradável de responder perguntas que tanto fiz, do gênero: “É o seu primeiro ano de cursinho?” ou “Mas assim, se não der, o que você pensa em fazer?”. Perguntas muito precoces ou muuito pessoais para serem feitas assim, nas primeiras semanas (ou até dias) de aula. (para a Helô, e um tapa nas tampinhas chatas que, ao invés de se divertirem minimamente, já pensam nessa porra que é o vestibular).

Muito além de fórmulas, fatos, mapas, raciocínio lógico, ou além até da expectativa angustiante de mais um ano, do stress, da pressão, da correria, da tensão, acho que o MAIS difícil esse ano vai ser convencer a mim mesma de que a USP não é o sentido ou o único e mais importante sonho da minha existência. Só entende esse frase quem passou por vestibular, quem já rejeitou tantas faculdades em nome dessa merda – não que esse seja o meu caso ¬¬ - quem já passou na Cidade Universitária e viu seu olho babar ao ler o nome do seu curso num prédio maltrapilho e caindo aos pedaços (sim meu bem, a USP é assim). Quem passou um, dois, três, quatro, cinco e até mais anos atrás do seu SONHO (e não falemos dos cursos “missão heróica”, como Medicina). Ouvi o testemunho de uma amiga minha que conheceu um cara que ficou três anos no cursinho pra passar em História (um dos cursos que quero ainda muuito fazer, mas que, combinemos, para entrar não é missão heróica, quanto a sair já não sei. E sem preconceitos, refiro-me apenas a fatos: a nota de corte de História é menor do que de outros cursos, como Biologia, Audiovisual, Administração). Por mais que algumas pessoas rissem (e eu presenciei isso esse ano) e falassem: “Nossa, que merda”, esse cicdadão estava (no mínimo) cagando e andando para tais comentários. Aposto meu apartamento (ui!) que tal cidadão se encontra MUITO feliz na FFLCH hoje (parabeens pra ele! J).

Mas voltando ao tema em questão, por mais que essa frase pareça ridiculamente óbvia pra alguns (ou nem tanto para outros), vou ter que me dizer, um dia após o outro, de que não são necessariamente, os melhores profissionais e, principalmente, as melhores pessoas que têm as três letrinhas mágicas no currículo. Sim, de fato VIVI isso boa parte do ano passado (e pude comprovar alguns casos assim quando a lista saiu), mas o fato de ter dado o meu melhor e, ainda sim, não ter sido o suficiente pra eles, fará com que eu me questione, ao longo desse ano, sobre tudo o que me formou para que eu fosse quem sou hoje.

Que eu possa ser uma vaca e, assim como o FFLCH referido logo acima, sair cagando e andando para as pessoas, fatos e situações futuras que não me acrescentarem nada.

[E nem venha me falando que a frase acima tem ambiguidades. Isso é matéria do segundo semestre, se não estou enganada.]

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

1984, Orwell

"O Ministério da Paz ocupa-se da guerra, o da Verdade, com as mentiras, o do Amor com a tortura e o da Fartura com a fome. Essas contradições não são acidentais, nem resultam da hipocrisia ordinária: são exercícios conscientes de duplipensar. Pois é só reconciliando contradições que se pode reter indefinidamente o poder. De nenhuma outra maneira seria possíovel quebrar o antigo ciclo. Se é preciso impedir para sempre a igualdade humana - se, como a chamamos, a Alta deve conservar permanentemente sua posição - então a condição mental deve ser a de insânia controlada."

A sanidade mental não é questão de estatística.

Agora entendo o por quê de tantoo alarde em relação a esse livro.
Uma aula de história COMPLETA em 40 páginas.
Simplesmente do além *.*

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

de perfil

I'm in the tub you on the seat
Lick your lips as I soak my feet
Then you notice little carpet burn
My stomach drop yeah and my guts churn
You shrug and it's the worst


um daqueles dias que você propõe algo e, assim..acontece. Beem mais do que você estava SEQUER imaginando. Que você sai assim, meio sem rumo, e sente-se mais "perdida" quando retorna. Que você se pergunta todosos "nãos" que te guiaram durante a sua vida até aquele momento. O que algumas pessoas pensariam de você, o principal, o que você pensa descobre si mesma e como se sente em relação a isso. Quando o filme que você planejAVA assistir passa assim..tão rápido e tênue quanto uma andorinha, confundida com a luz tênua do fim da tarde. [alô nervoso!]. Mas, por mais que essa enxurrada de inesperados remotamente planejados ao fim de um dia exausto tenham acontecido, sinto que ainda há um quê muito meu, infinitamente particular que resta e permanece. Esse sentimento de responsabilidade (sim, havia alguma), de um teco de integridade e uma pitada de caráter permanecem. Tenha uma vida da qual possa se orgulhar (ainda me encontro sobre efeito Benjamin Button, e alucinada pela luz que penetra entre os cabelos louros de Brad na Índia). Não digo orgulho, but no regrets. Me disseram que isso já é um bom começo.


1..2,3,4..5..6..7..8,9,10!

repentinamente devagar.

de levezinho.
de relance.
de perfil.

bom dia


Um modo não muito legal de ser acordado: eu, me virando na cama 7 e pouco da manhã, minha mãe se trocando pro trabalho. Abro o olho, ela vira e fala: "Aproveita aí, porque dai a pouco começa tudo de novo e acaba a moleza".

Um filme de (mais) um ano de cursinho passou pela minha mente, por cinco segundos.


Medo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

os embalos de sábado à noite


E então ela estava rindo. Era um riso como somente quem não fala, ri. Esse riso, e explorador constrangido não conseguiu classificar. E ela continuou fruindo o próprio macio, ela que não estava sendo devorada. Não ser devorado é o objeto secreto de toda uma vida. Enquanto ela não estava sendo comida, seu riso bestial era tão delicado como é delicada a alegria. O explorador estava atrapalhado.


- Mas pelo menos tentar... você não diz que não, mas também não diz que sim. No fundo, acho que você está com medo. Queria muito participar desse momento da sua vida, te ajudar, estar aqui quando você precisar de um 'shoulder to cry on' .Mas tudo bem: eu vou pensar menos em você - não parar completamente - mas menos. Te mandar menos e-mails, mas ligo e apareço em ocasiões especiais - seu aniversário..

- Dia das crianças, Páscoa, Natal. Não vou ficar pedindo pra você me ligar, até porque vc já fez muito a sua parte. Mas se puder me ligar no fim do ano, independente do resultado que sair, vou ficar muito muito feliz mesmo. A sua ligação depois da lista foi.. a melhor. Algumas de suas palavras eu vou carregar comigo durante o ano inteiro.

- Olha no meu olho. Guarda isso: você tem que chegar na frente do espelho, olhar pra você mesma e dizer: 'Eu sou foda. Eu vou conseguir'. Claro, agora você está se sentindo assim, mas você não pode se menosprezar. O vestibular é como relacionamento: por mais que você se ferre, você PRECISA TENTAR. Eu vim aqui hoje. Mesmo não dando, eu tentei. Queria muito que tivese, mas já que não deu, tenho que continuar olhando pra mim e acreditando no que estou vejo. E, quando você ficar meio assim ao longo do ano, desacreditando em tudo o que você está fazendo, lembre-se que tem alguém que te acha linda. Você é foda. E eu não quero esquecer desse sorriso nunca.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

medo do medo, que se perdeu


Eu tenho muito medo de não fazer o que desejo. Ou ainda, esconder o que eu quero por algum medo de não querer precisar. Tenho medo de achar que sou aquilo que falo e deixar passar aquilo que sinto. Viver de algumas lembranças de fatos que nem aconteceram, criar na minha vida momentos para não viver aquilo que a vida pede, disso eu tenho medo. Tenho medo de sentir demais, de ter segurança demais para um dia não precisar mais de ninguém. Tenho medo de você me querer também e assim, descobrir meus medos. Medo de ser duas ou mais e nesta mistura não me encontrar. De ser um dia comum, de passar despercebida, de não ter nada para mostrar, ou ainda, de não saber mostrar. Tenho medo de falar demais e não ter ninguém para ouvir, ou ainda, ter uma grande platéia e eles acreditarem no que eu falo. De ter que viver a verdade que insisto em dizer que não me acompanha, de ter que aceitar que é ali que devo estar e não aqui onde você me desenhou. Tenho medo de sempre acreditar em mim e da convicção. Tenho medo de precisar destes medos para avaliar e julgar tudo que faço. Tenho medo que o tempo passe e eu continue aqui, sem saber absolutamente nada sobre o medo, já que o medo só me vem quando penso em perder a coragem.

(By m. franco)

Resumindo: medo de todas as possibilidades e expectativas que me cercam nesse momento. Dos momentos que eu tenho grandes chances de passar (novamente ou não), os quais eu esperei tantoo nesse ano que passou sob uma perspectiva boa. Medo das minhas convicções e dos meus valores, tão certos até então. Medo de falhar de novo, medo do sentimento de impotência, de falha e de incompetência. Medo de perder a força e até uma merdinha chamada 'esperança'. Medo de ter certeza do incerto. Medo de ter medo.