quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Hard Times


Comer dog sujo na calçada. Ir ao lugar que foi sua casa por, praticamente, um ano. Rever algumas pessoas (o coordenador com uma cara extremamente cansada, como se já estivéssemos em junho!). Ver que algumas coisas, por menores que sejam, mudam - por mais que você não queira isso. Comer brigadeiro no potinho. Ver um sorriso lindo ao vivo, sendo que só o havia visto pelo Orkut.

Com tudo isso, e outros pequenos detalhes, vi que esse ano vai ser assim, digamos, um pouquinho mais "complicado" do que eu imaginava (sim, aspas afinal não sei o que é problema de fato). Não por rever a matéria (sim, deu medinho que toda a experiência que eu tive ano passado não servisse em alguns momentos esse ano, mas penso que se não deu, alguma coisa ficou faltando, certo?). Alguns dos que eu mais joguei confete ano passado não me acompanharão de tão perto mais, e talvez eu ocupe um papel novo esse ano, mesmo que a trama, o cenário e boa parte dos coadjuvantes sejam os mesmos. Queria que eu estivesse TÃO empolgada quanto estava nesse mesmo momento há um ano atrás. Claro, as condições são um tanto diferentes, e a pessoa que escreve também, mas vejo pessoas que, com mais tempo de luta que eu, não se “lamentaram”... tanto.

Mais do que animação, desânimo, raiva, impotência, o que mais me chamou atenção hoje foi o fato de eu perceber que lições definitivamente muito mais difíceis estão à minha espera este ano. Mais do que aprender a lidar um pouco com matemática, eu terei que aprender a lidar com a minha desorganização (seja ela interna ou não – alô Clarice!). Mais do que ter mais paciência com as pessoas que estavam ali próximas, do meu lado, tenho chances de ser mais “dócil” com pessoas que só falarão comigo quando o assunto for o ar-condicionado, a entregas de redações ou datas de provas (o papo do ar-condicionado vai ser, realmente, uma incógnita). Talvez pior do que se matar para fazer quase 150 exercícios de física em um/ dois dias, vou passar pela experiência não muito agradável de responder perguntas que tanto fiz, do gênero: “É o seu primeiro ano de cursinho?” ou “Mas assim, se não der, o que você pensa em fazer?”. Perguntas muito precoces ou muuito pessoais para serem feitas assim, nas primeiras semanas (ou até dias) de aula. (para a Helô, e um tapa nas tampinhas chatas que, ao invés de se divertirem minimamente, já pensam nessa porra que é o vestibular).

Muito além de fórmulas, fatos, mapas, raciocínio lógico, ou além até da expectativa angustiante de mais um ano, do stress, da pressão, da correria, da tensão, acho que o MAIS difícil esse ano vai ser convencer a mim mesma de que a USP não é o sentido ou o único e mais importante sonho da minha existência. Só entende esse frase quem passou por vestibular, quem já rejeitou tantas faculdades em nome dessa merda – não que esse seja o meu caso ¬¬ - quem já passou na Cidade Universitária e viu seu olho babar ao ler o nome do seu curso num prédio maltrapilho e caindo aos pedaços (sim meu bem, a USP é assim). Quem passou um, dois, três, quatro, cinco e até mais anos atrás do seu SONHO (e não falemos dos cursos “missão heróica”, como Medicina). Ouvi o testemunho de uma amiga minha que conheceu um cara que ficou três anos no cursinho pra passar em História (um dos cursos que quero ainda muuito fazer, mas que, combinemos, para entrar não é missão heróica, quanto a sair já não sei. E sem preconceitos, refiro-me apenas a fatos: a nota de corte de História é menor do que de outros cursos, como Biologia, Audiovisual, Administração). Por mais que algumas pessoas rissem (e eu presenciei isso esse ano) e falassem: “Nossa, que merda”, esse cicdadão estava (no mínimo) cagando e andando para tais comentários. Aposto meu apartamento (ui!) que tal cidadão se encontra MUITO feliz na FFLCH hoje (parabeens pra ele! J).

Mas voltando ao tema em questão, por mais que essa frase pareça ridiculamente óbvia pra alguns (ou nem tanto para outros), vou ter que me dizer, um dia após o outro, de que não são necessariamente, os melhores profissionais e, principalmente, as melhores pessoas que têm as três letrinhas mágicas no currículo. Sim, de fato VIVI isso boa parte do ano passado (e pude comprovar alguns casos assim quando a lista saiu), mas o fato de ter dado o meu melhor e, ainda sim, não ter sido o suficiente pra eles, fará com que eu me questione, ao longo desse ano, sobre tudo o que me formou para que eu fosse quem sou hoje.

Que eu possa ser uma vaca e, assim como o FFLCH referido logo acima, sair cagando e andando para as pessoas, fatos e situações futuras que não me acrescentarem nada.

[E nem venha me falando que a frase acima tem ambiguidades. Isso é matéria do segundo semestre, se não estou enganada.]

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